Uma
multidão de pessoas, mais de 150 mil, lotaram a Praça São Pedro e todas as ruas
vizinhas, para assistir e rezar junto com o Papa a sua primeira oração do
Angelus. Às 12h deste domingo (8h de Brasília), Francisco apareceu na janela de
seu apartamento para rezar e abençoar os fiéis, turistas e romanos.
Desde
as primeiras horas do dia, o movimento já era grande. Toda a área foi
interditada ao tráfego e ao estacionamento. Francisco fez um discurso informal,
falando de improviso e apenas em italiano.
Ele
saudou com as mãos e com um grande sorriso, recebendo em troca aplausos e muito
entusiasmo. A popularidade de Francisco tem aumentado a cada dia desde que se
tornou, quarta-feira passada, o primeiro Papa latino-americano da história.
Chegou ao balcão com o seu modo simples, os braços ao longo do corpo e a mão
direita ao alto, saudando o povo. “Bom dia!” – foram as suas primeiras
palavras.
Lembrando
o episódio da mulher adúltera que Jesus salva da condenação, Francisco
ressaltou o valor e a importância da misericórdia e do perdão nos dias de hoje:
“Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão.
Temos de aprender a ser misericordiosos com todos”, afirmou.
Antes
disso, Francisco disse que estava contente de estar com os fiéis domingo, “dia
do Senhor, dia de se cumprimentar, de se encontrar e conversar, como aqui,
agora, nesta Praça, uma praça que graças à mídia, é do tamanho do mundo!”.
A
propósito da leitura evangélica, Francisco encorajou os fiéis citou a atitude
de Jesus, que não desprezou nem condenou a adúltera, mas disse apenas palavras
de amor e misericórdia, que convidavam à conversão.
“Vocês
já pensaram na paciência que Deus tem com cada um de nós? É a sua misericórdia:
Ele nos compreende, nos recebe, não se cansa de nos perdoar se soubermos voltar
a Ele com o coração arrependido. É grande a misericórdia do Senhor!”.
Dando
andamento ao discurso, o Papa citou um livro lido nestes dias sobre a
misericórdia, de autoria do Cardeal Walter Kasper, “um ótimo teólogo”. “O livro
faz entender que a palavra ‘misericórdia’ muda tudo; torna o mundo menos frio e
mais justo” – disse, ressalvando que com isso “não quer fazer publicidade ao
livro do cardeal”. Depois, completou lembrando o Profeta Isaias, que afirma que
“se nossos pecados fossem vermelho escarlate, o amor de Deus os tornaria
brancos, como a neve”.
Sem
ler um texto preparado, Francisco contou à multidão um fato de quando era
bispo, em 1992, e uma senhora de mais de 80 anos, muito simples (uma ‘vovó’,
ele disse, ndr) quis se confessar com ele. Diante de sua surpresa, a idosa lhe
disse “Nós todos temos pecados! Se Deus não perdoasse tudo, o mundo não
existiria...!”. De seu balcão, Francisco brincou com os fiéis arriscando que a
senhora “havia estudado na Universidade Gregoriana de Roma”.
Telões
foram montados em toda a área para transmitir as imagens do Papa, enquanto
helicópteros sobrevoavam o centro de Roma, e o Papa continuava seu discurso:
“É,
o problema é que nós nos cansamos de pedir perdão a Deus. Invoquemos a
intercessão de Nossa Senhora, que teve em seus braços a misericórdia de Deus em
pessoa, no menino Jesus”.
O
bispo de Roma, que é argentino, lembrou ainda que as origens da sua família são
italianas, sublinhando, no entanto, que “nós fazemos parte de uma família
maior, a família da Igreja, que caminha unida no Evangelho”.
Despedindo-se
dos fiéis, Francisco disse palavras ainda mais simples: “Bom domingo e bom
almoço”.
Fonte: www.news.va